terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Meia Lucio Flavio acredita em nova vitória pessoal: ‘Sei que vou dar a volta por cima’

Lucio Flavio está perto de completar 200 jogos pelo Botafogo, e já foram 60 gols com a camisa alvinegra. Ele é o maior artilheiro da história do Engenhão, capitão da equipe e único remanescente do time que conquistou o último título do clube – o Campeonato Carioca de 2006. Mas nada disso foi suficiente para que fosse poupado de hostilidades desde a derrota por 6 a 0 para o Vasco, dia 24 de janeiro. Ao lado de Alessandro, Eduardo e Fahel, o meia foi um dos mais visados pelos torcedores, insatisfeitos com o desempenho da equipe neste início temporada. Mas em vez de antecipar o fim de seu contrato (que vai até 31 de dezembro) e cortar o estresse pela raiz, o camisa 10 optou por permanecer em General Severiano e buscar sua recuperação.

E não faltaram oportunidades para deixar o Glorioso. Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM durante a viagem do Rio de Janeiro a Santarém (PA) – local da partida contra o São Raimundo, nesta quarta-feira, às 21h (de Brasília), pela primeira fase da Copa do Brasil – Lucio Flavio revelou ter recusado algumas propostas feitas por clubes brasileiros durante o período mais crítico de seu relacionamento com a torcida. Aplaudido pelos botafoguenses durante a vitória por 5 a 2 sobre o Resende, no último domingo, ele se mostra otimista quanto ao seu futuro no Alvinegro e também em relação ao desempenho da equipe na temporada.
Acredita que, por isso, o volume de críticas sofridas foi injusto?

LUCIO FLAVIO: É difícil falar em justiça, mas sei que no futebol se trabalha com resultados. Depois de um 2009 difícil, nossa temporada começou sob expectativa em relação ao elenco, já que o Botafogo foi considerado um pouco atrás em comparação aos outros grandes do Rio, e aquela derrota para o Vasco desencadeou a ira do torcedor. Entendo que é difícil cobrar daqueles que estão chegando, então, aqueles que são referência acabam sendo os alvos.

De que maneira as manifestações das arquibancadas o atingiram?

Nenhum atleta gosta de passar por isso. São cinco anos de Botafogo, conheço clube e torcida, e por isso dá para administrar bem. Mas o desgaste maior é quando passa a atingir a família, pois é inevitável levar para dentro de casa o que acontece no trabalho. Você acaba deixando de fazer algumas coisas com mulher e filhos para não passar por situações desagradáveis na rua.

As duas semanas entre a derrota para o Vasco e a vitória sobre o Resende foram seu pior momento pelo Botafogo?
Em 2007 vivemos algo parecido depois daquela eliminação para o River Plate, na Copa Sul-Americana, e ano passado também sofri hostilidades quando retornei do Santos. O torcedor não gostou do fato de eu ter saído, mas naquela época (fim de 2008) havia indefinição quanto à nova diretoria. Mas, mesmo com 11 propostas, esperei o Botafogo até o último momento. Mas as últimas duas semanas foram realmente muito difíceis, pois a revolta do torcedor esteve direcionada a alguns atletas. Foi um momento complicado, a ponto de eu me questionar se estava fazendo tudo da maneira certa. Cheguei a treinar nas férias, mas as coisas não se encaixaram rapidamente. Felizmente também recebi muito apoio de torcedores do Botafogo e sei que tudo isso acontece porque eles se envolvem emocionalmente com o clube.

Você chegou a pensar em sair do Botafogo?

Alguns amigos de fora do clube chegaram a me dizer que eu deveria fazer isso. O curioso é que no dia seguinte à nossa estreia no Campeonato Carioca (Lucio Flavio marcou um gol e deu passes para os outros dois na vitória por 3 a 2 sobre o Macaé) eu recebi uma boa proposta de um clube do Catar, mas logo descartei. Então, depois que começou esse período ruim, me perguntei se não havia tomado a decisão errada ao ficar. Há uma semana também apareceram propostas de clubes do Brasil. Se eu tivesse uma cabeça diferente, forçaria para sair, mas acho que ainda não é o momento. Não é fácil, mas até agora venho conseguindo segurar, pois existe uma família por trás. Não sei se vou ficar até o fim do ano, mas sei que o time tem potencial para crescer e atingir seus objetivos. Por isso, meu interesse é permanecer.

Diante de tantas adversidades, sua opção por permanecer se deve à identificação com o Botafogo?

Procuro equilibrar todos os aspectos. São cinco anos de Botafogo e gosto muito do clube, com o qual tenho identidade e respeito. Sei que poderia passar por isso em qualquer outro lugar, pois ninguém está imune a vaias. Minha adaptação é grande, e no Botafogo sei melhor como lidar com essas adversidades. Sei que vou dar a volta por cima, já fiz isso outras vezes. Confio que nossa equipe vai trilhar um caminho positivo.

De que maneira você acha que poderia vencer essa fase conturbada e dar a volta por cima?

Tudo é resultado. Se atingirmos os objetivos, será bom para mim e para o grupo. Aquela derrota para o Vasco foi como um terremoto para o Botafogo, que agora está em processo de reconstrução. Acredito que tudo tem um propósito. Se aconteceu, é porque precisávamos daquilo para nos fortalecer.

Qual tem sido o papel do técnico Joel Santana na sua superação e na evolução do Botafogo?

O Joel está sabendo lidar muito bem com isso, pois tem experiência e viveu diversas situações ao longo da carreira. Para mim, futebol é a união de trabalho e confiança. A confiança está voltando no Botafogo, e o trabalho começa a se encaixar da melhor maneira. Há uma semana não havia esse apoio da torcida, como aconteceu no último domingo, e é importante, pois um depende do outro. Em pouco tempo o treinador conseguiu mostrar ao elenco a maneira como gosta de trabalhar. O Joel tem idade para ser pai de todos nós e conhece muito bem o
futebol. Não houve uma conversa comigo individualmente, mas aos poucos ele vem devolvendo a confiança aos jogadores. Estamos tentando, em pouco tempo, consertar o que não estava bom, e por enquanto está tudo dando certo, pois vencemos todas as partidas sob o comando dele.

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